<font color=0988d3>> </font>Vitória histórica da democracia sobre o fascismo
Nunca um «não» foi tão afirmativo. Tão positivo para a vida de um país, de um continente e do mundo. Do mundo que pensa que «outro mundo é possível».
Há mais transparência nestas eleições do que nas da Florida, diz Carter
Apesar de uma campanha mediática histérica e demoníaca, o povo venezuelano impôs a sua vontade a uma oposição reaccionária que nunca conseguiu – ou nunca quis – demarcar-se dos sectores golpistas que têm dirigido toda a sua actividade desde que Hugo Chávez assumiu legitimamente a presidência da república como consequência do seu triunfo eleitoral em Dezembro de 1998.
Esta é a oitava vitória consecutiva do processo bolivariano sobre os inimigos históricos do povo venezuelano. E que bela vitória a desta Revolução Bonita! O 15 de Agosto marca o triunfo da democracia sobre o fascismo. Da luz sobre a escuridão. Da cultura sobre a ignorância. Da fraternidade sobre a intolerância. Da inclusão sobre a exclusão. A Venezuela, país da América Latina que alguns terão talvez dificuldade em localizar no mapa, acaba de dar uma lição de participação eleitoral e de comportamento cívico, dificilmente igualada por muitos países do chamado primeiro mundo.
Um exemplo de democracia participativa
A Constituição de 1999 é a primeira da Venezuela, da América Latina e talvez do mundo que contempla a figura do referendo revogatório presidencial. Mais de 14 milhões de venezuelanos – um aumento significativo da base eleitoral em relação à última consulta – estavam aptos a participar na jornada de 15 de Agosto, único caminho legal para pôr fim à presidência de Chávez antes de 2006. Porque era um processo inédito e de grande volume de votantes, as filas eram enormes e centenas de milhares de homens e mulheres esperaram durante horas a fio a oportunidade de exercer o seu direito ao voto, já que era muito o que estava em jogo. Nesta ocasião foi utilizada uma combinação de um sistema manual – para pouco mais de 1,5 milhões de votantes – com um automatizado1 (para 12,4 milhões de eleitores), distribuídos ao longo de 12351 meses em 8393 centros eleitorais, resguardados por quase120 mil soldados (Plano República). Tudo isto sob os olhos de mais de 200 observadores vindos de mais de 30 países. Fraude? Como?
No momento em que escrevemos, praticamente em cima dos acontecimentos, ainda não se conhecem os número finais, mas já se sabe que, com uma abstenção historicamente mínima, a vitória do «não», computados mais de 94 dos votos totais, é indiscutível e com uma vantagem de pouco menos de 20 pontos.
O primeiro boletim do Conselho Nacional de Eleições (CNE), lido na madrugada do dia 16 e publicitado de imediato em todo o mundo, atribuía 4991483 votos ao «não» (58,25%) e 3576517 ao «Sim» (41,74%). Algarismos que não convidam à discussão. Contudo, na internet pode ler-se que a primeira página de El Universal procura desclassificar o CNE chamando-o de «oficialista», enquanto El Nacional, outro émulo de El Mercurio de Chile nos tempos de Allende, brada, logo de entrada, que «Oposição desconhece resultado oficial do referendo». Tudo normal e dentro da coerência de uma oposição fascistóide que, ao longo de todo o processo, jamais se comprometeu a aceitar os resultados da consulta popular.
Logicamente, terminada a mesma e visto o resultado em contra, protesta e ameaça fazer o país saltar pelo ar. E não se põe em dúvida que tratará de o fazer, porque, aconteça o que acontecer, no seio da oposição venezuelana existe um núcleo terrorista que não só não vai reconhecer a derrota – que dela já sabia – mas que vai procurar provocar o governo para uma luta violenta, se possível com mortos, para então gritar ó, da guarda, que me estão a agredir!
Estar à direita da direita…
Fiel às melhores tradições filo-ianques das classes dominantes da América Latina, a oposição venezuelana, apesar de ter representantes no CNE, de ter na mão os quadros mais importantes de CANTV – a telefónica encarregada da transmissão electrónica do processo eleitoral e que foi privatizada no tempo de Carlos Andrés Pérez – decidiu, desde há muito, ignorar a autoridade do CNE, que na Venezuela tem a hierarquia de poder eleitoral, e afirmar que só reconheceria os resultados se fossem confirmados por dois organismos claramente vinculados a Washington: o Centro Carter e a Organização dos Estados Americanos, uma criação do Pentágono, historicamente disposta a servir os melhores interesses do imperialismo.
Tão cedo como o CNE deu os seus primeiros resultados – por certo, o «não» venceu praticamente em todos os estados da Venezuela e onde perdeu foi por uma margem mínima –, pediu de imediato ajuda ao Centro Carter e à OEA, ambos insuspeitos de serem chavistas. Desculpas de mau pagador! Na segunda-feira, ao começo da tarde, numa conferência de imprensa, ambas as missões de observadores validaram os resultados adiantados pelo CNE no seu primeiro boletim.
Vendidos, bradou a oposição, ferida pela «traição», que, segundo eles, já tinha sido anunciada dois dias antes, quando Jimmy Carter cometeu dois «erros» gravíssimos. Primeiro, ao afirmar que havia mais transparência nestas eleições do que nas da Florida; segundo, tendo o atrevimento de dizer que, na sua opinião pessoal, «os direitos humanos básico estão a cumprir-se adequadamente na Venezuela».
Na sua conferência de imprensa, ambos foram tão longe que admitiram não tinham qualquer prova de fraude, que a sua contagem rápida coincidia com a do CNE e que Sumate – um CNE paralelo da oposição, financiado por uma organização relacionada com a CIA – também tinha um resultado onde o «não» triunfava com 55 por cento dos votos. Provas suficientes para convencer qualquer pessoa razoavelmente decente. Não é esse o caso da oposição venezuelana, que, tudo indica, vai continuar como até agora e sem a menor intenção de se preparar seriamente para a batalha democrática das presidenciais de 2006.
Por certo, dentro de pouco mais de um mês haverá nova consulta eleitoral, desta vez para definir a situação dos deputados revogáveis, a maioria pertencentes à oposição. Será uma boa ocasião para que o grupo parlamentar dos bolivarianos reforce a sua maioria.
Uma oposição que não aprende
Desde o primeiro momento em que a oposição antibolivariana verificou que as promessas eleitorais de Chávez eram para cumprir, iniciou uma luta sem quartel – e por qualquer meio – para derrubar o regime constitucional. Desde esse preciso instante, Hugo Chávez sempre recordou a todos que a Constituição abria caminhos democráticos para atingir esse objectivo: o referendo revogatório quando se chegasse à metade do período presidencial.
A reacção venezuelana, apoiado por um poder mediático absolutamente comprometido com a conspiração e pelo imperialismo que nunca deixou de sonhar com voltar a pôr as mãos no petróleo do país de Bolívar, decidiu provar outras alternativas totalmente desviadas dos caminhos democráticos. Pelas ruas da amargura ficaram várias tentativas de tomar por assalto a legalidade constitucional. Sucederam-se as greves gerais – lock outs seria mais correcto – até que chegaram ao golpe de estado duro e puro em Abril de 2002.
Triunfante durante menos de 48 horas, o lobo fascista despiu de imediato a pele de ovelha e anulou todos os poderes públicos e iniciou uma caça de bruxas que só não teve resultados mais trágicos porque o povo e os soldados constitucionalistas repuseram a legalidade democrática.
Derrotada no plano militar, a elite antibolivariana tentou o golpe económico e desatou um lock out que se estendeu ao longo de 63 dias – de Dezembro de 2002 a Fevereiro de 2003 – e conseguiu paralisar a indústria petrolífera, o coração económico e financeiro do país. O resultado foram milhares de empresas falidas e milhares de novos desempregados, entre eles perto de metade da força laboral da petrolífera, que, além de parar a indústria, sabotou equipamentos e sistemas informáticos, numa acção antipatriótica que custou mais de 10 mil milhões de dólares ao país e fazer retroceder uma economia que começava a despegar.
As missões e missão de ganhar
Em Julho de 2000, aquando da relegitimação dos poderes, Chávez obteve pouco mais de 3,7 milhões de votos. Agora, quatro anos depois, ao contrário do que soe suceder com o desgaste da governação, o seu número de apoiantes sobe para mais de 5 milhões.
Como é isto possível? Porquê se passa com Chávez o oposto do que sucede com Fox, no México, ou Toledo, no Peru? Não há qualquer mistério. Como qualquer candidato, Chávez prometeu governar para as grandes massas… e tem feito disso a sua missão.
A Missão Bairro Dentro levou médicos às zonas mais pobres de Caracas e de todo o país. Médico cubanos é certo, mas cubanos porque os venezuelanos não só nunca mostraram qualquer interesse em atender as áreas marginais como trataram, nos tribunais, de impedir este programa do social.
A Missão Robinson alfabetizou mais de um milhão de pessoas. E junto a estas missões estão a Sucre, a Virem Caras e várias outras igualmente dirigidas para os excluídos de sempre. O sucesso destas missões tem sido tão marcante que a oposição, depois de falar peste delas, decidiu, já perto do referendo, dizer que iria continuar com elas … mas de uma maneira superior. É evidente que os venezuelanos não enfiaram o barrete…
1 O sistema é automatizado mas tão sofisticado que entrega ao eleitor um boletim de voto, que este deposita na urna para eventual verificação posterior.
Esta é a oitava vitória consecutiva do processo bolivariano sobre os inimigos históricos do povo venezuelano. E que bela vitória a desta Revolução Bonita! O 15 de Agosto marca o triunfo da democracia sobre o fascismo. Da luz sobre a escuridão. Da cultura sobre a ignorância. Da fraternidade sobre a intolerância. Da inclusão sobre a exclusão. A Venezuela, país da América Latina que alguns terão talvez dificuldade em localizar no mapa, acaba de dar uma lição de participação eleitoral e de comportamento cívico, dificilmente igualada por muitos países do chamado primeiro mundo.
Um exemplo de democracia participativa
A Constituição de 1999 é a primeira da Venezuela, da América Latina e talvez do mundo que contempla a figura do referendo revogatório presidencial. Mais de 14 milhões de venezuelanos – um aumento significativo da base eleitoral em relação à última consulta – estavam aptos a participar na jornada de 15 de Agosto, único caminho legal para pôr fim à presidência de Chávez antes de 2006. Porque era um processo inédito e de grande volume de votantes, as filas eram enormes e centenas de milhares de homens e mulheres esperaram durante horas a fio a oportunidade de exercer o seu direito ao voto, já que era muito o que estava em jogo. Nesta ocasião foi utilizada uma combinação de um sistema manual – para pouco mais de 1,5 milhões de votantes – com um automatizado1 (para 12,4 milhões de eleitores), distribuídos ao longo de 12351 meses em 8393 centros eleitorais, resguardados por quase120 mil soldados (Plano República). Tudo isto sob os olhos de mais de 200 observadores vindos de mais de 30 países. Fraude? Como?
No momento em que escrevemos, praticamente em cima dos acontecimentos, ainda não se conhecem os número finais, mas já se sabe que, com uma abstenção historicamente mínima, a vitória do «não», computados mais de 94 dos votos totais, é indiscutível e com uma vantagem de pouco menos de 20 pontos.
O primeiro boletim do Conselho Nacional de Eleições (CNE), lido na madrugada do dia 16 e publicitado de imediato em todo o mundo, atribuía 4991483 votos ao «não» (58,25%) e 3576517 ao «Sim» (41,74%). Algarismos que não convidam à discussão. Contudo, na internet pode ler-se que a primeira página de El Universal procura desclassificar o CNE chamando-o de «oficialista», enquanto El Nacional, outro émulo de El Mercurio de Chile nos tempos de Allende, brada, logo de entrada, que «Oposição desconhece resultado oficial do referendo». Tudo normal e dentro da coerência de uma oposição fascistóide que, ao longo de todo o processo, jamais se comprometeu a aceitar os resultados da consulta popular.
Logicamente, terminada a mesma e visto o resultado em contra, protesta e ameaça fazer o país saltar pelo ar. E não se põe em dúvida que tratará de o fazer, porque, aconteça o que acontecer, no seio da oposição venezuelana existe um núcleo terrorista que não só não vai reconhecer a derrota – que dela já sabia – mas que vai procurar provocar o governo para uma luta violenta, se possível com mortos, para então gritar ó, da guarda, que me estão a agredir!
Estar à direita da direita…
Fiel às melhores tradições filo-ianques das classes dominantes da América Latina, a oposição venezuelana, apesar de ter representantes no CNE, de ter na mão os quadros mais importantes de CANTV – a telefónica encarregada da transmissão electrónica do processo eleitoral e que foi privatizada no tempo de Carlos Andrés Pérez – decidiu, desde há muito, ignorar a autoridade do CNE, que na Venezuela tem a hierarquia de poder eleitoral, e afirmar que só reconheceria os resultados se fossem confirmados por dois organismos claramente vinculados a Washington: o Centro Carter e a Organização dos Estados Americanos, uma criação do Pentágono, historicamente disposta a servir os melhores interesses do imperialismo.
Tão cedo como o CNE deu os seus primeiros resultados – por certo, o «não» venceu praticamente em todos os estados da Venezuela e onde perdeu foi por uma margem mínima –, pediu de imediato ajuda ao Centro Carter e à OEA, ambos insuspeitos de serem chavistas. Desculpas de mau pagador! Na segunda-feira, ao começo da tarde, numa conferência de imprensa, ambas as missões de observadores validaram os resultados adiantados pelo CNE no seu primeiro boletim.
Vendidos, bradou a oposição, ferida pela «traição», que, segundo eles, já tinha sido anunciada dois dias antes, quando Jimmy Carter cometeu dois «erros» gravíssimos. Primeiro, ao afirmar que havia mais transparência nestas eleições do que nas da Florida; segundo, tendo o atrevimento de dizer que, na sua opinião pessoal, «os direitos humanos básico estão a cumprir-se adequadamente na Venezuela».
Na sua conferência de imprensa, ambos foram tão longe que admitiram não tinham qualquer prova de fraude, que a sua contagem rápida coincidia com a do CNE e que Sumate – um CNE paralelo da oposição, financiado por uma organização relacionada com a CIA – também tinha um resultado onde o «não» triunfava com 55 por cento dos votos. Provas suficientes para convencer qualquer pessoa razoavelmente decente. Não é esse o caso da oposição venezuelana, que, tudo indica, vai continuar como até agora e sem a menor intenção de se preparar seriamente para a batalha democrática das presidenciais de 2006.
Por certo, dentro de pouco mais de um mês haverá nova consulta eleitoral, desta vez para definir a situação dos deputados revogáveis, a maioria pertencentes à oposição. Será uma boa ocasião para que o grupo parlamentar dos bolivarianos reforce a sua maioria.
Uma oposição que não aprende
Desde o primeiro momento em que a oposição antibolivariana verificou que as promessas eleitorais de Chávez eram para cumprir, iniciou uma luta sem quartel – e por qualquer meio – para derrubar o regime constitucional. Desde esse preciso instante, Hugo Chávez sempre recordou a todos que a Constituição abria caminhos democráticos para atingir esse objectivo: o referendo revogatório quando se chegasse à metade do período presidencial.
A reacção venezuelana, apoiado por um poder mediático absolutamente comprometido com a conspiração e pelo imperialismo que nunca deixou de sonhar com voltar a pôr as mãos no petróleo do país de Bolívar, decidiu provar outras alternativas totalmente desviadas dos caminhos democráticos. Pelas ruas da amargura ficaram várias tentativas de tomar por assalto a legalidade constitucional. Sucederam-se as greves gerais – lock outs seria mais correcto – até que chegaram ao golpe de estado duro e puro em Abril de 2002.
Triunfante durante menos de 48 horas, o lobo fascista despiu de imediato a pele de ovelha e anulou todos os poderes públicos e iniciou uma caça de bruxas que só não teve resultados mais trágicos porque o povo e os soldados constitucionalistas repuseram a legalidade democrática.
Derrotada no plano militar, a elite antibolivariana tentou o golpe económico e desatou um lock out que se estendeu ao longo de 63 dias – de Dezembro de 2002 a Fevereiro de 2003 – e conseguiu paralisar a indústria petrolífera, o coração económico e financeiro do país. O resultado foram milhares de empresas falidas e milhares de novos desempregados, entre eles perto de metade da força laboral da petrolífera, que, além de parar a indústria, sabotou equipamentos e sistemas informáticos, numa acção antipatriótica que custou mais de 10 mil milhões de dólares ao país e fazer retroceder uma economia que começava a despegar.
As missões e missão de ganhar
Em Julho de 2000, aquando da relegitimação dos poderes, Chávez obteve pouco mais de 3,7 milhões de votos. Agora, quatro anos depois, ao contrário do que soe suceder com o desgaste da governação, o seu número de apoiantes sobe para mais de 5 milhões.
Como é isto possível? Porquê se passa com Chávez o oposto do que sucede com Fox, no México, ou Toledo, no Peru? Não há qualquer mistério. Como qualquer candidato, Chávez prometeu governar para as grandes massas… e tem feito disso a sua missão.
A Missão Bairro Dentro levou médicos às zonas mais pobres de Caracas e de todo o país. Médico cubanos é certo, mas cubanos porque os venezuelanos não só nunca mostraram qualquer interesse em atender as áreas marginais como trataram, nos tribunais, de impedir este programa do social.
A Missão Robinson alfabetizou mais de um milhão de pessoas. E junto a estas missões estão a Sucre, a Virem Caras e várias outras igualmente dirigidas para os excluídos de sempre. O sucesso destas missões tem sido tão marcante que a oposição, depois de falar peste delas, decidiu, já perto do referendo, dizer que iria continuar com elas … mas de uma maneira superior. É evidente que os venezuelanos não enfiaram o barrete…
1 O sistema é automatizado mas tão sofisticado que entrega ao eleitor um boletim de voto, que este deposita na urna para eventual verificação posterior.